14 fevereiro,2016
A vinha é o principal cultivo em Portugal, em termos de superfície cultivada, com aproximadamente 190.000 hectares. O país conta com importantes áreas de produção, divididas por todo o seu território e que estão a conseguir posicionar os seus vinhos nos melhores mercados não só da Europa como do mundo. Muitos creem que a vinha é um cultivo rude e que poucos cuidados requer. Contudo, os produtores estão cada vez mais cientes da sua importância e que só um bom manuseio da nutrição da vinha produzirá uma uva de qualidade, traduzindo-se em excelentes caldos, num mercado cada vez mais competitivo, onde o consumidor final é quem decide.
Neste contexto, a Yara apresentou no passado dia 14 de fevereiro o seu Plantmaster™ de Vinha, um documento que recolhe os aspetos mais importantes relacionados com a nutrição deste cultivo. A multinacional norueguesa escolheu para a ocasião um cenário inigualável, com impressionantes vistas sobre o rio Tejo, o Hotel Myriad de Lisboa. Estes documentos sobre monocultivo elaborados pela Yara resultam do trabalho ao longo de mais de dois anos do departamento agrónomo da Yara Internacional. O Plantmaster™ de Viña transforma-se no segundo desta série de documentos apresentados em Portugal, após o lançamento do documento sobre o milho no ano transato.
A inauguração do evento decorreu a cargo de Elena Montero, recém-nomeada diretora geral da Yara Iberian, que agradeceu a todos os presentes (mais de 130) a sua presença. Elena referiu que este PlantmasterTM não é mais do que uma mostra mais do compromisso da Yara no seu desejo de partilhar os seus conhecimentos com o setor. Elena salientou este documento onde "não se fala de produto, mas sim de nutrição e agronomia".
Luis Ángel López, diretor agrónomo da Yara Iberian, foi o responsável por apresentar o documento, fazer um breve resumo acerca das principais necessidades nutricionais da vinha e do papel de cada um deles. Luis Ángel comentou que, apesar de a vinha poder parecer um cultivo fácil no seu manuseio, há alguns fatores importantes a ter em conta quando se trata de otimizar o seu rendimento e melhorar a qualidade da uva. Entre estes fatores, destacam-se a manutenção de um equilíbrio correto de nutrientes e um controlo acertado das raízes, essencial para uma ótima gestão da vinha.
Luis Ángel López destacou a importância excecional do Nitrogénio e o seu efeito sobre a produção, tanto em termos quantitativos como qualitativos. Este nutriente promove o vigor da videira e o crescimento das raízes. Salientou também a influência do Fósforo - acerca do número de bagos e do seu peso - e do Potássio, tão importante para se obter um bom vigor e umas cepas sãs. De seguida, passou em revista na sua intervenção o papel dos macronutrientes secundários e micronutrientes na vinha, mas insistiu na importância do Cálcio que, ao tratar-se de um elemento estrutural, tem um papel vital na proteção da uva contra o ataque de infeções, como a Botrytis. O Boro e o Zinco são os micronutrientes mais relevantes neste cultivo. O primeiro tem um papel importante na germinação do pólen e vingamento da uva, ao passo que o Zinco influi no alargamento dos entrenós.
A jornada contou com apresentações interessantes que ajudaram a contextualizar a situação atual da indústria vitivinícola. Por um lado, Ana Luz, Engenheira Agrónoma do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), apresentou uma visão geral de um setor que ultrapassou, na campanha anterior, os 7 milhões de hectolitros, dos quais aproximadamente 2,8 milhões se destinaram à exportação. Ana Luz salientou, por outro lado, que os programas de reconversão efetuados em Portugal têm auxiliado a substituição de vinhas velhas por cepas mais jovens. Regiões como Viana do Castelo, Vila Verde, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Santarém, Sines e Mértola, lideraram este processo de reconversão.
Seguidamente, João Torres, representante da Fundação Eugénio de Almeida (FEA), partilhou com os presentes as boas práticas no manuseio da nutrição da vinha. A Fundação conta atualmente com 400 hectares de vinhedos e, asseguram, a base da excelência dos seus vinhos é obter uma matéria prima, i.e., uma uva de qualidade. João destacou a importância de realizar análises ao solo para conhecer o estado nutricional e desse modo poder atuar em conformidade. Neste sentido, João Torres incidiu na mensagem de Luis Ángel acerca da importância de, em função das necessidades do cultivo, fornecer as quantidades necessárias de Nitrogénio e Potássio com vista a uma nutrição equilibrada.
Por último, Manuel Moreira, Escanção da Associação dos Escanções de Portugal, fez uma apresentação por demais interessante sobre as tendências atuais do mercado e das preferências do consumidor atual. Sem dúvida, a sua apresentação foi uma das mais aguardadas, já que pôs sobre a mesa as novas tendências e as mudanças neste setor onde a hotelaria, a embalagem e as novas tecnologias têm um papel fundamental. Este reconhecido escanção, ou Sommelier, foi o responsável por conduzir juntamente com Nicolas Jiménez - mestre cortador internacional e quatro vezes record do Guiness - a atividade com que encerrou a sessão. A atividade andou em torno do 'casamento' de três vinhos portugueses - um vinho Madeira Blandy's Alvada 5 anos, um vinho tinto Douro Manoella 2014 e um espumante Filipa Pato 3B Brut Nature - com três tipos de presuntos espanhóis: Ibérico de Cebo Campo, Ibérico de Bolota e Ibérico de Bolota D.O. Através desta degustação, os participantes puderam comprovar como uma boa união destes dois elementos pode fomentar os matizes e os sabores de ambos, para um maior desfrute do consumidor.